A capacitação da graça de Deus na aflição

INTRODUÇÃO

1. O céu não é aqui. Aqui não pisamos ruas de ouro, mas cruzamos vales de lágrimas. Aqui não recebemos os galardões, mas bebemos o cálice da dor.

2. Paulo foi a maior expressão do cristianismo de todos os tempos. Viveu uma vida superlativa. Homem de oração e jejum. Pregador incomum, teólogo incomparável, plantador de igrejas sem paralelos. Viveu perto do Trono, mas ao tempo foi açoitado, preso, algemado, degolado.

3. Tombou como mártir aqui, levantou-se como príncipe no céu. Sua vida muito nos ensina. Seu exemplo nos inspira. Aprendemos do que a graça de Deus não nos livra:


I. A GRAÇA DE DEUS NOS CAPACITA A ENFRENTAR O SOFRIMENTO

1. Variados sofrimentos.


• Deus lhe disse: “Eu lhe mostrarei o quanto importa sofrer pelo meu nome” (At 9:26);

• Foi perseguido em Damasco;

• Foi rejeitado em Jerusalém;

• Foi esquecido em Tarso;

• Foi apedrejado em Listra;

• Foi açoitado e preso em Filipos;

• Foi escorraçado de Tessalônica e Beréia;

• Foi chamado de tagarela em Atenas;

• Foi chamado de impostor em Corinto;

• Foi duramente atacado em Éfeso;

• Foi preso em Jerusalém;

• Foi acusado em Cesaréia;

• Foi vítima de naufrágio indo para Roma;

• Foi picado por uma serpente em Malta;

• Foi preso e degolado em Roma.

• Ele disse para a igreja da Galácia: “Eu trago no corpo as marcas de Jesus” (Gl 6:17). Ele falou de lutas por dentro e temores por fora. Ele falou de trabalhos, prisões, açoites, perigos de morte, fustigado com varas, apedrejado, naufrágio, fome, sede, nudez, preocupação com todas as igrejas.

• O nosso sofrimento não é sinal de que estamos longe de Deus, de que estamos fora da sua vontade. As pessoas que andaram mais perto de Deus foram aquelas que mais sofreram. “Eu tenho por certo que o sofrimento do tempo presente, não pode ser comparado com as glórias por vir a serem reveladas em nós.” Diz ainda: “A nossa leve e momentânea tribulação, produz para nós eterno peso de glória”.

II. A GRAÇA DE DEUS NOS CAPACITA A VIVER VITORIOSAMENTE APESAR DAS ADVERSIDADES

1. Paulo sofreu a dor da solidão – Gente precisa de Deus. Mas gente também precisa de gente. Ele pediu para Timóteo: 1) Procura vir ter comigo depressa (v. 9); 2) Toma contigo a Marcos e traze-o contigo (v. 11); 3) Apressa-te a vir antes do inverno (v. 21).

2. Paulo sofreu a dor do abandono – Na hora em que Paulo mais precisou de ajuda foi abandonado e esquecido na prisão. Caminhou sozinho para o Getsêmani do seu martírio, assistido apenas pela graça de Deus. Diz ele: “Demas, tendo amado o presente século me abandonou...” (v. 10). Na hora que estamos sofrendo, precisamos de amigos por perto.

3. Paulo sofreu a dor da ingratidão – Paulo diz: “Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram” (v. 16). Paulo deu sua vida pelos outros; agora, que precisa de ajuda ninguém se arrisca por ele. De que Paulo devia estar sendo acusado? 1) Ateísmo – porque se abstinha do culto ao imperador e idolatria; 2) Canibalismo – porque os crentes falavam em comer a carne e beber o sangue de Cristo quando celebravam a Ceia do Senhor.

4. Paulo sofreu a dor da perseguição – Paulo diz: “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras” (v. 14). Este homem foi quem delatou Paulo, culminando na sua segunda prisão e conseqüente martírio.

5. Paulo sofreu a dor da resistência – No v. 15 somos informados que Alexandre, o latoeiro, resistiu fortemente às palavras de Paulo. Ele era um opositor do ministério de Paulo. Não só perseguia o apóstolo, mas também se opunha ao evangelho.

6. Paulo sofreu a dor do frio – Ele pediu para Timóteo levar a sua capa (v. 13). As prisões romanas eram frias, insalubres, escuras. Os prisioneiros morriam de lepra, de doenças contagiosas. O inverno estava se aproximando (v. 21) e Paulo precisa de uma capa quente para enfrentá-lo.

7. Paulo sofreu a dor de não ter os pergaminhos – Paulo estava na ante-sala do martírio, mas queria aprender mais, queria estudar mais, queria examinar mais os livros, os pergaminhos, a Palavra de Deus. Paulo precisa de amigos, de roupa e de livros. Tinha necessidades da alma, da mente e do corpo.

III. A GRAÇA DE DEUS NOS CAPACITA A TER OS VALORES DE VIDA MAIS EXCELENTES

1. Uma avaliação correta do presente – v. 6

a) Olha para a vida na perspectiva de Deus“Nero não vai me matar. Eu é que vou oferecer minha vida como um sacrifício a Jesus”. Paulo comparou a sua vida como um sacrifício e uma oferta.

b) Olha para a morte na perspectiva de Deus – Paulo diz: “O tempo da minha partida é chegada” (v. 6). A palavra analysis significa:

1) É a palavra que descreve a ação de desatar um animal do jugo – A morte é descanso do trabalho. A morte é deixar a carga, a fadiga (Ap 14:13).

2) É a palavra que significa deixar solto os laços ou cadeias – A morte para Paulo era uma libertação e alívio. Ia deixar a escura prisão romana para entrar no paraíso.

3) É a palavra para afrouxar as estacas de uma tenda – Para Paulo a morte é levantar acampamento, é mudar de endereço, é ir para a Casa do Pai.

4) É a palavra para soltar as cordas de um barco – Para Paulo a morte é singrar as águas do mar da vida e chegar no porto divinal, nas praias da eternidade, onde não há choro, nem pranto, nem luto, nem morte. Morrer é estar com Cristo. Morrer é habitar com o Senhor. Morrer é ir para a Casa do Pai.

2. Uma avaliação correta do passado – v. 7

• Muitas pessoas são como a Peer Gee de Ibsen, investem a vida toda naquilo que não tem nenhum valor eterno e chegam ao fim e dizem: Minha vida foi como uma cebola, só casca.

a) Combati o bom combate – Paulo olhou para a vida como um combate. Nada de facilidades. Nada de amenidades. É luta. É combate. Luta contra o mal. Luta contra as trevas. Luta contra os principados e potestades. Luta contra o pecado. Luta pelo evangelho. Luta para salvar vidas da perdição.

b) Completei a carreira – Ele não carregou peso inútil nas costas, por isso chegou ao fim da carreira. Ele não se distraiu com coisas fúteis, por isso chegou ao fim da carreira. Ele correu de acordo com as regras por isso chegou ao fim da corrida. Ele manteve os seus olhos no alvo, por isso chegou ao fim, vitoriosamente. Paulo disse: “Em nada considero a vida preciosa para mim mesmo conquanto que eu complete a minha carreira”. Demas começou bem, mas desistiu no meio do caminho.

c) Guardei a Fé – Paulo foi um soldado fiel ao seu Senhor até o fim. Muitos são como a mulher de Ló, olham para trás. Outros são como os israelitas, sentem saudades do Egito. Outros são como Demas, amam o presente século. Paulo manteve-se firme!

3. Uma visão correta do futurov. 8

a) Certeza da recompensa futura – Paulo tinha certeza da bem-aventurança eterna. Ele fala da coroa da justiça. O imperador Nero pode declará-lo culpado e condená-lo à morte, mas logo virá uma magnífica revogação do veredito de Nero, quando o Senhor, reto juiz o declarar justo. Os mártires morreram cantando pela visão da glória. Estevão disse: “Eu vejo o céu aberto e o Senhor de pé”.

b) Certeza da segunda vinda de Cristo – Cristo vai voltar. E com ele está o galardão. Com ele está a coroa. Nossa recompensa está no céu.

IV. A GRAÇA DE DEUS NOS CAPACITA A RECEBER A ASSISTÊNCIA DO CÉU NA HORA DA MORTE – V. 17-18

1. Abandonado pelos homens, mas assistido por Deusv. 17

• Paulo foi vítima de abandono dos homens, mas foi acolhido e assistido por Deus. Assim como Jesus foi assistido pelos anjos no Getsêmani quando os seus discípulos dormiram, também Paulo foi assistido por Deus na hora da sua dor mais profunda. Deus não nos livra do vale, mas caminha conosco no vale.

2. Deus não nos livra das provas, mas nos dá poder e forças para cumprirmos o nosso ministério mesmo nas provasv. 17

• Deus revestiu Paulo de forças para que continuasse pregando a Palavra. O vaso é de barro, mas a Palavra é poderosa. Paulo foi preso, mas a Palavra espalhou-se por todos os gentios.

3. Deus muitas vezes não nos livra da morte, mas na mortev. 18

• Paulo não foi poupado da morte, mas foi liberto através da morte. A morte para ele não foi castigo, perda, derrota, mas vitória. O aguilhão da morte já foi tirado. Morrer é lucro. Morrer é precioso. Morrer é bem-aventurança. Morrer é ir para a Casa do Pai. Morrer é entrar no céu.

4. Na hora do balanço final Paulo expressa não um gesto de frustração, mas um tributo de glória ao seu Senhorv. 18

• Paulo foi perseguido, rejeitado, esquecido, apedrejado, fustigado com varas, preso, abandonado, condenado à morte, degolado, mas em vez de fechar a cortina da vida com pessimismo, amargura, ressentimento, termina erguendo ao céu um tributo de louvor ao Senhor Jesus.

• Suas últimas palavras foram de exaltação ao seu Senhor.

CONCLUSÃO

• O pastor que foi visitar o crente em estado terminal:

– Irmão, você está preparado para morrer?

– Não, eu estou preparado para viver. Eu estou preparado para ver Jesus. Eu estou preparado para entrar na Casa do Pai. Eu estou preparado para entrar no gozo do meu Senhor.


Rev. Hernandes Dias Lopes

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